quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

gosto de te ver assim...



Gosto desse teu olhar em mim,
ousado, sedento, a fim,
que me enxerga como se nua estivesse
e, quando nua, me veste
de dengos, delícias e doçuras,
me propondo as mais inusitadas loucuras
sem dizer palavra alguma.
Gosto de te ver assim,
com urgências brotando em suspiros,
ditando o ritmo em que respiro,
fechando os olhos enquanto me abre,
abrindo a boca enquanto me sabe
tua, entregue, vertendo,
estando, ficando, sendo
a que transforma brisa em vendaval,
tem bem, teu norte, teu mal,
teu princípio, teu fim,
teu meio com que me farto
quando me abandono ao teu paladar e tato
e me encaixo em ti, enfim,
enfeitando o ar com meu cheiro inato
de despudor e jasmim.
Gosto de te ver assim.

Luna Sanchez

sábado, 16 de julho de 2011

Atira aqui

foto: Robert Giard

Atira atira atira
Atira aqui
bem dentro de mim
teus dedos no gatilho ensaiam a vontade 
que não escapam da razão
Homem das regras, quero te provocar
Provocar a ira, o desatino
desalinho teus pensamentos
Sou louca por você
E apenas tu.......
Sabe como me fazer sentir viva outra vez 
Homem......
Exorciza meus demônios
apague a luz da razão
Atira atira atira
Atira aqui
bem dentro de mim
mata-me na escuridão
Me faz sentir viva outra vez
Com a tua lâmina fria também
E eu imploro...
Atira atira atira
Atira aqui
bem dentro de mim
Sangra minha carne
me faz sentir viva outra vez
Vamos queimar o que se opõe ao nosso desejo
Papeis, regras, leis e toda centelha de luz 
que assombra a tua razão...
Homem
Crucifica-me na cruz
Atira atira atira
Atira aqui
bem dentro de mim
Sou louca por você
E apenas tu...
Exorciza os meus demônios

Bruna

quarta-feira, 18 de maio de 2011

tenho sede


tu tens uma sede de vidro
que tomas da sombra de meu ombro esquerdo
e ouvido

teu sexo aberto em flor
convida a mergulhar abismos remotos
em vermelho calor


espuma o mar em meus lábios
o sal do consorte amigo
o cetro sem culpa dos homens poetas


teu cavalo
montaria sem tréguas
centauro místico
onda rebentando na praia
cópula dos sentidos


Edson Bueno De Camargo

terça-feira, 12 de abril de 2011

morrer de prazer...


É sabido que as mulheres gozam com os olhos e tremulam só de pensar em pequenices, leves brilhos e festas sem motivo aparente. Nem todas, tens razão. Só as que mentem em voz baixa tem predileção por chás e purpurinas jogadas ao vento. É bem destas que me dá gosto falar, das que precisam de detalhismos imaginários e miudezas d'alma. Essas que acham só graça em trepadas de poucos beijos e exigem abajur e janelas abertas. Estas que são cruéis, quase sempre. Estas que não precisam de altos e há quem diga, fazem com que tu não acorde mais.


sábado, 16 de outubro de 2010

Uma mulher




Uma mulher caminha nua pelo quarto
é lenta como a luz daquela estrela
é tão secreta uma mulher que ao vê-la
nua no quarto pouco se sabe dela

a cor da pele, dos pêlos, o cabelo
o modo de pisar, algumas marcas
a curva arredondada de suas ancas
a parte onde a carne é mais branca

uma mulher é feita de mistérios
tudo se esconde: os sonhos, as axilas,
a vagina
ela envelhece e esconde uma menina
que permanece onde ela está agora


o homem que descobre uma mulher
será sempre o primeiro a ver a aurora. 

Bruna Lombardi

domingo, 12 de setembro de 2010

morrer de prazer




Tuas mãos percorrem meu corpo
e o que sinto é um ardor
uma vontade de nunca mais parar
eu diria até uma vontade de morrer
ali, de tanto prazer!
E quanto mais nos amamos,
mais aumenta esta vontade
de te sentir em mim
o prazer explode
assim como a vontade de gritar:
eu amo você
cada vez que terminamos
e nos abraçamos nus
com os corpos ainda quentes.

sábado, 4 de setembro de 2010

A cor da paixão



Em desejo possuída
        se joga,
             se rasga,
   se estraga
          contra os móveis,
  sobre as plantas,
         entremuros,
 se vê fera,
       se faz cadela,
            se morde serpente,
         ferida em seu desvario
no mais escondido recanto do seu bem-querer,
    no seu coração perple o e ávido
       que ela desfibra devagar.


Regina de Fontenelle